Maquina de tatuagem. Bobina ou rotativa? Eu juro que vou tentar explanar sem causar polêmica, mas só tentar, pois essa é daquelas conversas delicadas de se ter. É quase como uma discussão sobre times de futebol, política, religião e por aí vai!

É comum hoje em dia, rotular os tatuadores que usam máquinas rotativas de modernos, e usuários das máquinas bobinas de tradicionais.

Alguns até mesmo dizem que as rotativas são brinquedos descartáveis, porém, reza a lenda que o primeiro equipamento elétrico para a confecção de tatuagem, foi criado em 1891 pelo Tatuador Novaiorquino Samuel O’Reilly que por sua vez, teria se inspirado em um equipamento criado por Thomas Edison, para fazer gravações em metais. A primeira máquina de bobinas a ser divulgada só surgiria em meados de 1929 em Detroit, pelas mão do também Tatuador Percy Waters.

Há quem diga que as máquinas de bobinas são melhores que as “famigeradas” rotativas e vice-versa! Particularmente eu uso as duas mas devo confessar que tenho uma queda pelas rotativas. Principalmente pelas direct-drive pelo fato de serem mais, digamos, obedientes e não tão temperamentais quanto às de bobinas.

Eu explico: As máquinas rotativas direct-drive não precisam de regulagem nunca! Ou seja. Não possuem contatos elétricos que sujam/oxidam causando mau contato e nem molas que no decorrer do tempo, necessitam de regulagem como suas “concorrentes” de bobinas.

Outro fator interessante é a questão do peso, pois são bem leves e isso na minha opinião é uma grande vantagem principalmente na hora de preencher ou sombrear um trabalho. É que depois de anos e anos tatuando, essa questão do peso conta bastante. Imagina aquele trampo grande que você vai passar umas oito horas para concluir. Agora imagine o seu pulso aguentando a carga de uma máquina pesada por todo esse período. Sim a máquina mais leve vai ser bem mais confortável não é mesmo?

Por último, mas não menos importante. É a questão do barulho! Isso para o Profissional pode até não ter muita importância mas para o cliente e principalmente o de primeira tatuagem, faz bastante diferença. Lembra daquele trauma de barulho do motorzinho de dentista? Então! É a mesma coisa.

Calma! Não sou contra as bobinas. Embora estas sejam temperamentais e necessitem de uma atenção especial, são as minhas preferidas para traço e alguns preenchimentos sólidos. Porém, é necessário entender seu funcionamento em detalhes para mantê-la sempre regulada e pronta para o trabalho. Afinal, você não vai querer passar raiva com um equipamento funcionando de forma irregular e oscilando a todo momento.

Embora eu possa até ter parecido defensor das máquinas rotativas, ambas tem suas vantagens e desvantagens.

As máquinas de bobinas são equipamentos robustos e duram a vida toda sem ter que substituir peças, com exceção das molas eventualmente.

As rotativas são de certa forma mais frágeis em sua construção e dependendo da sua engenharia podem sofrer bastante com o atrito das peças em um tempo relativamente curto. Vai depender muito do cuidado que se tem com o equipamento e isso na verdade serve para os dois casos.

No fim das contas, tudo é uma questão de adaptação do profissional ao equipamento e para se decidir, só testando cada um para poder tirar suas próprias conclusões.

Conheço Tatuadores que não abriam mão dos “tradicionais” equipamentos de bobinas e hoje usam exclusivamente rotativas para tudo inclusive traço, da mesma forma que alguns tentaram se adaptar e não conseguiram de forma alguma.

O importante é fazer trabalhos bem-feitos independente do equipamento utilizado e espalhar bastante tinta! Vamos manter a mente aberta.